quinta-feira, 29 de março de 2012

Pesquisa do Inpa usa semente para purificar água de rio da Amazônia


Uso da moringa evita aplicação de sulfato de alumínio, tóxico para natureza. Técnica também elimina bactérias e torna água própria para uso.


As águas escuras do Rio Negro, no Amazonas, precisam ser clarificadas e purificadas antes de serem consumidas. Um dos produtos usados neste processo é o sulfato de alumínio, tóxico para a natureza. Para evitar a contaminação e melhorar a saúde de comunidades que dependem da água do rio, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) estudou o uso da semente de uma planta, a moringa, para tornar potável a água do Rio Negro e conseguiu resultados inesperados.
A moringa é uma planta originária da Índia. Para purificar a água, a semente é extraída e masserada, formando um pó, aplicado no líquido. No Brasil, a planta já é usada para tirar o barro e eliminar bactérias de rios da região Nordeste. Como a quantidade de pó de varia de acordo com as características dos rios e também com o período do ano, “a pesquisa do Inpa foi pioneira”, diz a farmacêutica Edilene Sargentini, que participou dos estudos.
“A grande diferença do Rio Negro é que a água é colorida devido à presença de substância húmica, decorrente da decomposição de animais e plantas da floresta, transportados para o rio por meio de lixiviação”, explica Edilene.
Além de conseguir limpar a água e eliminar 99% das bactérias, o estudo do Inpa desenvolveu uma nova metodologia de aplicação da semente de moringa que consegue purificar a água mais rapidamente. Ao aplicar o pó na água, não é preciso esperar cerca de 2 horas, como ocorre em processos já conhecidos. Nos laboratórios do Inpa, a purificação ocorreu em apenas alguns minutos.
Além disso, com o novo método, os pesquisadores conseguiram deixar a água potável por até três dias – contra um dia com o método convencional. “Após usar o pó da semente de moringa, você tem um tempo para usar a água. Depois disso, ela ‘apodrece’. Descobrimos uma nova metodologia para usar esta semente de modo em que a água não ‘apodrece’ tão rápido”, conta Edilene. Os pesquisadores pretendem patentear a nova metodologia.
Sachês
Agora, a pesquisa está entrando em uma nova fase, fora do Inpa. O objetivo da equipe é desenvolver sachês de moringa, que poderiam ser distribuídos para as comunidades à beira do Rio Negro com um passo a passo do uso. Para Edilene, o sachê facilitaria o uso da moringa, porque já viria com a dose certa. Bastaria colocá-lo na água, sem ser necessário ter a planta no quintal e preparar o pó.
Mas, antes mesmo da criação dos sachês, os resultados da pesquisa podem ser aplicados através do ensino da preparação do pó e aplicação na água. Uma das metas da equipe de pesquisa é criar uma cartilha que explique os procedimentos.
Apesar de não ser nativa do Brasil, a moringa se adaptou bem às condições amazônicas, afirma Edilene. “[No Inpa] nós plantamos 90 sementes de moringa e 87 germinaram. Com um ano a planta já está dando fruto. E, se a poda é feita corretamente, a moringa dá semente até três vezes por ano”. Depois, é só preparar o pó. Uma solução simples para melhorar o Rio Negro e a saúde de populações que vivem em torno dele, conclui Edilene.
MAIS INFORMAÇÕES 
MORINGA
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Brassicales
Família: Moringaceae
Género: Moringa
Espécie: Moringa oleifera
Moringa oleifera é uma planta da família das Moringáceas, com nomes populares que variam de acordo com a região em que foi introzida, além é claro da região em que é natural.
Algumas literaturas apontam o Oeste da África como sendo a região nativa desta árvore, porém há relatos que referem ser natural dos sopés montanhosos meridionais dos Himalaias (Noroeste da Índia). Mas é graças á sua grande rusticidade que a torna uma planta facilmente adaptável à diversos locais onde o solo pouco oferece com relação a nutrientes e água, portanto prefere solos arenosos, secos e tolera bem zonas costeiras, além de possuir resistência á doenças. Cresce principalmente em áreas subtropicais e semi-áridas tropicais.
Devido as propriedades que lhe são conferidas, é hoje cultivada em países da África, América Central, América do Sul, Sri Lanka, Índia, Malásia e nas Filipinas.
Dentre os nomes populares, temos: moringa, acácia-branca, árvore-rabanete-de-cavalo, cedro, moringueiro e quiabo-de-quina; em Cabo Verde (África) é conhecida como akásia-branka, em Timor (Província da Indonésia), como morangue e na Índia como moxingo.
Árvore de crescimento rápido, pode alcançar 12 metros de altura e possui ramos que crescem cerca de 10 m de comprimento, o que muitas vezes se faz necessário as podas anuais, onde pode-se reduzir os ramos á um metro. Folhas bipenadas e flores em panículas de coloração amarelo-pálidas, perfumadas, muito procuradas por abelhas e pássaros que são os agentes polinizadores de suas flores.
Os frutos possuem o formato de cápsulas arredondadas, com três asas equidistantes. São os pássaros que efetuam a polinização de suas flores.
Considerada como uma das árvores cultivadas mais úteis para o ser humano, pois praticamente todas as suas partes podem ser utilizadas para diversos fins.
Dentre os usos, temos: produção de óleo, madeira, papel, sombra e combustível líquido.
Suas sementes quando maceradas são utilizadas na purificação da água de maneira eficiente e barata. O processo ocorre devido à sua capacidade de floculação, que faz com que as impurezas contidas em água barrenta de açudes por exemplo, se agregarem as sementes. Em poucos minutos á água pode ser consumida por humanos.
Este recurso já está sendo implementado em regiões com escassez de saneamento básico como por exemplo a região nordeste do Brasil.
Praticamente todas as partes da planta (folhas, frutos e raízes) podem ser utilizadas na alimentação humana, além do uso medicinal, como no tratamento da malária e da icterícia, para doenças na pele, e até para parar o sangramento da mulher após o parto.
Nas folhas são encontrados altos teores de vitamina A e C, o que as tornam muito nutritivas e podem ser utilizadas na composição de alimentos; nos trópicos, a sua folhagem é usada como forragem para animais. Os frutos são comestíveis e muito comercializados para Europa na forma “in natura”, além de também serem exportados para Índia e países do ocidente na forma de conservas. Das sementes, bastante oleosas, são extraídos um líquido chamado Oléo de bem (ou Bem), que é utilizado na pintura artística. Sua madeira pode ser usada na produção de papel e fibras têxteis.
Não é recomendado o uso de suas raízes por gestantes.
A moringa é facilmente propagável, podendo ser feita por estacas ou sementes, que podem ser plantadas diretamente no local definitivo, e não há necessidade de tratamento prévio do solo, pois essa planta necessita de poucos tratos culturais, e se houver condições climáticas adequadas, pode crescer rapidamente. Se as condições de iluminação da planta forem adequadas, um único indivíduo pode produzir de 50 a 70 Kg de frutos por ano.


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